domingo, 7 de dezembro de 2008

Torpor, o alimento da alma frustrada

Ela se sentiu completa, como se todo o torpor que insistia em alimentar nunca tivesse existido, e conseguiu pensar em seus sentimentos sem dor alguma, como se eles fossem algo recíproco aquele instante.
Com toda força, como se estivesse se livrando de palavras que a sufocavam, disse: "Eu gosto de ti", suspirou, e por um breve momento buscou os olhos deles, que pareciam confusos e indecodificáveis, "Sempre gostei, e tu não tens idéia do quanto é doloroso viver sem ti"; bastaram as palavras serem lançadas para o buraco começar a latejar dentro dela, que ultimamente era mais vazia do que nunca, ou cheia do grito interno que pertubava sua mente. Ela evitava de todo o jeito não revirar o seu passado, se forçava a pensar que não havia mais nada pra "descongelar" naquela relação, porém o seu subconsciente mantinha viva com todas as forças a idéia de que ele ainda a amava, e quando ela o encontrou a sua mente foi totalmente dominada pelas idéias que eram escondidas no mais profundo de sua alma, se sentiu incrivelmente encorajada a falar tudo a ele, como se o amanhã não existisse e muito menos importasse; e de repente se viu fazendo o que mais temia na vida, sem ter o torpor para lhe livrar das emoções que o momento causava. Não conseguiu pensar em nada, deus as costas pra ele e saiu andando, mais completa e oca do que nunca, deixando com ele toda a verdade e todo o seu coração.